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sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O amor pelo ensino da matemática

Professora coordena, há três décadas, projeto de formação continuada de professores


A professora posa em frente a seu grande acervo de obras
Foto: Gustavo Stephan
A professora posa em frente a seu grande acervo de obras Gustavo Stephan
O filósofo grego Plutarco (46-119 d.C.) escreveu que a “a alma do aluno não é um vaso que se deve encher, mas uma lareira que se deve acender”. Quase 20 séculos depois, esse pensamento é um dos que norteiam a vida da professora Maria Laura Mouzinho Leite Lopes, de 93 anos. Moradora de Laranjeiras, ela está há 30 anos à frente de um grupo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que tem como missão melhorar o ensino de matemática nas escolas.
Com um raciocínio invejável, essa ilustre moradora da Zona Sul conta que, quando o governo militar a aposentou, em 1969, ela foi com a família para Estrasburgo, na França, onde ficou durante 11 anos:
— Consegui trabalho no Instituto de Pesquisa e Educação Matemática (Irem), da Universidade Louis Pasteur, onde havia um programa para reciclagem de professores. Quando voltei para o Brasil, notei que tínhamos aqui um campo enorme para trabalhar; que poderíamos fazer matemática de outra maneira: trabalhando a cognição do aluno — explica.
Foi a partir dessa percepção que, em 1982 — mesmo ano em que nasceram os Jornais de Bairro — Maria Laura juntou-se aos professores Lucia Tinoco, Radiwal Alves Pereira e Charles Guimarães, que também buscava alternativas para melhorar os métodos de ensino.
— Voltei para a UFRJ em 1980. Dois anos mais tarde, juntei-me aos professores que estavam na universidade e começamos a colocar nossas ideias em prática e a estruturar nosso grupo, um ano mais tarde batizado oficialmente como Projeto Fundão — recorda.
A turma foi crescendo e, atualmente, com cerca de 30 integrantes, ainda se reúne semanalmente nas dependências da UFRJ.
— Nos dividimos em cinco grupos de pesquisa em diferentes áreas da matemática e produzimos o conteúdo que depois é lançado em livro, para ser aplicado nas salas de aula. É importante que as pessoas entendam que matemática é um modo de pensar, uma linguagem que atende a todos os outros conhecimentos, não apenas a números e fórmulas — defende.